sexta-feira, 21 de junho de 2013

Crítica: Humor se perde em fórmula cansativa de "Minha Mãe É uma Peça"

O ator Paulo Gustavo como Dona Hermínia, protagonista do longa nacional "Minha Mãe É uma Peça"
Voltadas sobretudo ao público adolescente, as comédias brasileiras estão alcançando grande êxito comercial de uns anos para cá.

Adaptada de um monólogo teatral de muito sucesso em vários palcos do país, "Minha Mãe É uma Peça" tem o diferencial de se dirigir a um público mais amplo.

Sucesso no palco com Paulo Gustavo, filme 'Minha Mãe É Uma Peça' estreia nesta sexta
Ator Paulo Gustavo trabalha entre amigos e familiares

Isso porque a personagem principal, Dona Hermínia (Paulo Gustavo), é uma mãe extremamente protetora, figura que todo mundo conhece de perto ou de longe.

Paprica Fotografia/Divulgação

O ator Paulo Gustavo como Dona Hermínia, protagonista do longa nacional "Minha Mãe É uma Peça"
Essa familiaridade aproxima a personagem do espectador e não é rompida, mesmo quando se constata que a zombeteira Dona Hermínia tem instintos maternais que atingem as raias da neurose --afinal ela só quer o bem da prole, objeto de seu amor fervoroso.

Dona de casa divorciada de meia-idade, Dona Hermínia vive com os filhos Juliano (Rodrigo Pandolfo) e Marcelina (Mariana Xavier). Exagerada e autoritária, ela controla todos os passos dos dois adolescentes até o dia em que se sente ofendida por eles e decide sair de casa sem avisá-los, refugiando-se na casa de uma tia (Suely Franco).

Ela chora as mágoas com a tia, rememorando vários episódios da vida familiar, dando à narrativa uma estrutura de flashback.

Se no espetáculo teatral o flashback era algo natural pelo fato de Paulo Gustavo estar sozinho em cena, no filme esses saltos temporais aparecem de maneira um tanto descosida. São histórias dentro da história principal, que já é raquítica, autônomas como esquetes de teatro, que a partir de certo momento deixam de acrescentar qualquer novidade.

Esta acumulação atrapalha o ritmo do filme, que parece durar mais do que 80 minutos. Personagens secundários dispensáveis, como a pitoresca galeria de vizinhos de Dona Hermínia, também ajudam a dispersar o foco na história.

Outro aspecto que prejudica o resultado é o humor: quase todas as "gags" se baseiam na depreciação dos filhos pela própria mãe, sobretudo no caso de Marcelina e sua obsessão por comida.

Tudo bem que a matrona é desbocada, mas a repetição excessiva da fórmula cansa.

A caracterização da personagem também resulta enfadonha: Paulo Gustavo tem talento cômico, mas a histérica voz esganiçada que empresta à personagem --que além de tudo é tagarela-- logo perde a graça.

MINHA MÃE É UMA PEÇA
DIREÇÃO André Pellenz
PRODUÇÃO Brasil, 2013
ONDE Anália Franco UCI e circuito
CLASSIFICAÇÃO 12anos
AVALIAÇÃO regular

Fonte:Folha de São Paulo

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